Doce de Abóbora Divino é o nome que melhor define esta receita tradicional, passada de geração em geração nas cozinhas do interior, onde o tempo parece correr devagar e a vida é guiada pelo cheiro que sai do fogão. Este doce, feito com simplicidade e carinho, é mais do que uma sobremesa: é um abraço da vovó em forma de colherada, que conquista corações com sua textura macia, perfume dos cravos e o toque especial do coco ralado.
Hoje, mesmo com toda a modernidade, manter essa tradição é uma forma de respeitar nossas raízes. E é exatamente isso que vamos fazer aqui: ensinar você a preparar o mais autêntico Doce de Abóbora Divino com todos os segredos e detalhes que só uma vovó de verdade pode contar.
Ingredientes da Receita
1,5 kg de abóbora descascada e picada em cubinhos (pode ser a abóbora moranga ou cabotiá)
800 g de açúcar (pode ser cristal, refinado ou demerara, conforme sua preferência)
50 g de coco ralado (fresco ou seco, conforme disponibilidade)
8 cravos-da-índia inteiros
Utensílios Utilizados
1 panela grande de fundo grosso ou tacho de cobre (ideal para doces)
1 colher de pau ou espátula resistente ao calor
Tigela grande para deixar a abóbora de molho no açúcar (opcional)
Peneira ou escumadeira
Potes de vidro esterilizados para armazenar
Modo de Preparo
Preparando a abóbora: Lave bem a abóbora, descasque e corte em cubos médios. Se quiser intensificar o sabor, deixe os cubos marinando com o açúcar por algumas horas (ou até de um dia para o outro) numa tigela grande. Esse descanso ajuda a soltar líquido e intensificar a doçura natural.
Cozimento inicial: Transfira a mistura de abóbora com açúcar para uma panela de fundo grosso. Acrescente os cravos-da-índia. Leve ao fogo baixo e mexa de tempos em tempos para que o açúcar não queime no fundo. A abóbora começará a soltar água e amolecer.
Apurando o doce: Após cerca de 30 minutos, a abóbora estará se desmanchando. Continue cozinhando e mexendo até que a mistura fique bem espessa. Nesse ponto, a abóbora já deve ter se transformado em uma massa pastosa e brilhante.
Finalizando com coco: Acrescente o coco ralado, misture bem e continue cozinhando por mais 5 a 10 minutos para que o sabor do coco se incorpore ao doce.
Conservação: Se for guardar, retire os cravos, deixe o doce esfriar completamente e transfira para potes de vidro esterilizados. Tampe bem e conserve em geladeira por até 2 semanas.
Rendimento
Essa receita rende aproximadamente 2,5 litros de doce de abóbora pronto, o que dá cerca de 25 porções de 100 g cada. Ideal para servir em festinhas, como recheio de bolos e tortas, ou mesmo puro com uma colherinha ao lado do cafezinho.
Informação Nutricional (por porção de 100 g)
Nutriente
Quantidade aproximada
Calorias
180 kcal
Carboidratos
43 g
Proteínas
0,8 g
Gorduras totais
0,6 g
Fibras alimentares
2 g
Açúcares
38 g
Os valores são aproximados e podem variar conforme o tipo de abóbora e açúcar utilizados.
Dicas da Vovó
Atenção ao ponto: O doce deve soltar do fundo da panela, mas ainda úmido. Se passar do ponto, vira uma pasta seca. Se quiser um doce mais firme para cortar, basta deixar cozinhar mais tempo até evaporar quase toda a umidade.
Textura personalizada: Se preferir o doce mais rústico, deixe os pedaços de abóbora desmanchando aos poucos. Para um doce mais cremoso, use um mixer ou amasse bem com a colher durante o cozimento.
Cravo e coco são opcionais: Mas vou te contar, são eles que elevam esse doce ao status de “divino”. Se você não gosta, pode substituir o cravo por canela em pau ou raspinhas de laranja. E o coco pode ser trocado por castanhas picadinhas ou até deixado de fora.
Substituições Possíveis
Açúcar: Para uma versão mais saudável, use açúcar demerara, mascavo ou até adoçantes culinários como eritritol (diminua um pouco a quantidade e ajuste o tempo de cozimento).
Abóbora: A abóbora moranga é a mais usada, mas a cabotiá dá um doce mais encorpado e adocicado. Evite a abóbora paulista, pois é muito aguada.
Coco: Pode usar coco ralado fresco ou seco, adoçado ou não. O fresco dá mais sabor, o seco mais praticidade.
Acompanhamentos que Casam Perfeitamente
Queijo branco, minas ou requeijão cremoso: um clássico das cozinhas brasileiras.
Torradinhas ou biscoito de polvilho: para um lanchinho da tarde bem especial.
Como recheio de rocamboles, bolos e tortas: especialmente com massas neutras, como pão de ló.
Sorvete de creme ou coco: o contraste quente-frio encanta qualquer paladar.
Um toque pessoal da vovó
Esse doce sempre esteve presente nas festas juninas lá da nossa família. Quando eu era pequena, minha mãe deixava o tacho no fogão de lenha borbulhando o dia todo, enquanto costurava bandeirinhas de pano. O perfume do cravo com o açúcar derretendo na abóbora era o prenúncio de festa, de risada solta no quintal e do milho assando na brasa.
Hoje em dia, quando faço essa receita para os meus netos, vejo o mesmo encantamento nos olhinhos deles. É incrível como um simples doce tem o poder de atravessar o tempo e manter o coração da família unido em torno da mesa.
Considerações finais
O Doce de Abóbora Divino é mais do que um preparo culinário – é um elo entre gerações. Simples nos ingredientes, rico em significado. Ao preparar essa delícia, você resgata a tradição, honra quem veio antes e presenteia quem está agora.
Faça com calma, com amor, e verá: não há tecnologia no mundo que substitua o calor de um doce feito em casa. Agora que você conhece todos os segredos, é sua vez de levar essa maravilha à sua família.
E se um dia alguém te perguntar por que ele se chama “divino”, basta oferecer uma colherada. A resposta está no sabor.