ODoce de Abóboraé uma daquelas receitas que atravessam gerações e enchem a casa com perfume de festa no interior. Ele é preparado sempre com muito carinho e o mesmo cuidado: a mesma quantidade de açúcar para a quantidade de abóbora, um bom punhado de cravo, canela e o tempo certo para formar aquela casquinha crocante por fora e maciez úmida por dentro.
Neste artigo, vou ensinar tudinho sobre essa delícia caseira: preparo, dicas da vovó, curiosidades, substituições e até as melhores formas de servir.
Ingredientes do Doce de Abóbora
700g de abóbora (já descascada e picada em cubos médios)
700g de açúcar refinado
1 e 1/2 xícara (chá) de água
Canela em rama (1 a 2 pedaços)
Cravo-da-índia a gosto (costumo usar uns 10 cravos)
1 colher (sopa) de glucose de milho (tipo “Karo” escuro)
1 colher (sopa) de vinagre de álcool ou de arroz
Modo de Preparo
Preparando a abóbora: Comece picando a abóbora em cubos médios (de cerca de 2 a 3 cm). Evite pedaços muito pequenos, pois desmancham com facilidade no cozimento.
Cozimento inicial: Em uma panela grande, coloque a abóbora picada, o açúcar, a água, a glucose, o vinagre, a canela e o cravo. Misture bem para incorporar todos os ingredientes.
Fogo baixo e paciência: Ligue o fogo em chama baixa e tampe a panela. Mexa de vez em quando para não grudar no fundo, principalmente após 20 minutos de cozimento. A abóbora vai soltar mais líquido e começar a cozinhar lentamente.
O ponto do doce: O segredo é deixar a calda apurar até começar a engrossar e os pedaços ficarem bem macios, porém inteiros. Depois de cerca de 1h a 1h20, você notará que o líquido reduzirá bastante.
Secagem da casquinha: Desligue o fogo, retire os pedaços da panela com cuidado e coloque sobre papel manteiga ou uma grade. Deixe descansar em local fresco e arejado por algumas horas ou até o dia seguinte. Esse processo forma aquela casquinha açucarada por fora que dá charme ao doce.
Armazenamento: Guarde em potes de vidro esterilizados, bem fechados, por até 10 dias fora da geladeira ou 30 dias refrigerado.
Informação Nutricional (por porção de 80g)
Nutriente
Quantidade
Calorias
170 kcal
Carboidratos
43 g
Açúcares totais
40 g
Fibras
1,5 g
Proteínas
0,5 g
Gorduras totais
0,1 g
Sódio
2 mg
Lembre-se: este é um doce artesanal, com alta concentração de açúcar, ideal para ser saboreado com moderação, como um agrado especial no fim de uma refeição.
Rendimento da Receita
Com essa proporção, você terá cerca de 1,2 kg de doce finalizado, o suficiente para servir 15 porções generosas ou encher três potes de 400g cada — ideal para presentear, vender ou guardar para uma tarde de café.
Dicas da Vovó
Use abóbora de pescoço ou abóbora seca (também chamada de abóbora paulista). Elas têm menos água e são mais firmes, ideais para manter a forma no cozimento.
O vinagre evita o açúcar cristalizar antes da hora e ajuda a deixar a calda brilhante.
A glucose (Karo) dá ponto e viscosidade ao doce. Se não tiver, pode usar 1 colher de mel ou deixar sem — mas o efeito da casquinha fica menos uniforme.
Não mexa o doce constantemente na fase final para não quebrar os pedaços. Mexa com delicadeza e só quando necessário.
Se quiser deixar com mais casquinha, passe os pedaços ainda mornos por açúcar cristal antes de secar sobre o papel.
Substituições Possíveis
Açúcar refinado: pode ser substituído por açúcar cristal ou demerara, porém o resultado será um doce mais rústico e com leve diferença na coloração.
Abóbora: pode-se usar abóbora cabotiá, mas evite a moranga, que é muito aguada e tende a se desmanchar.
Cravo e canela: são aromáticos clássicos, mas se preferir um toque diferente, acrescente uma casca de laranja durante o cozimento e retire no final.
Ideias de Acompanhamento
Sirva com uma colherada de requeijão cremoso ou queijo minas fresco: o contraste doce-salgado é irresistível.
Pode ser usado como recheio de empadas doces, bolos ou rocamboles.
Fica uma delícia com sorvete de creme ou iogurte natural geladinho.
Em festas juninas, disponha os pedaços em forminhas coloridas de papel para um charme especial.
Um Pouco da História do Doce de Abóbora
O Doce de Abóboraé uma daquelas receitas que cruzaram oceanos com os imigrantes portugueses e se transformaram nas cozinhas do interior do Brasil. Por aqui, se adaptou aos ingredientes locais e às festas populares, como São João, onde virou figura indispensável nas mesas.
Na minha casa, esse doce era feito em grandes tachos de cobre, durante os meses mais secos do ano, quando a abóbora era colhida no sítio.
Me lembro bem da vovó Julia mexendo o doce com calma, esperando a casquinha se formar para depois cortar com carinho e guardar nos vidros que ela reaproveitava de conserva. Era um presente valioso para os vizinhos.
Toque Pessoal da Vovó
Hoje, mesmo com tantos doces modernos, industrializados e sofisticados, nada substitui o encanto de um Doce de Abóbora bem feito, com aroma de canela, paciência no preparo e aquele cuidado de antigamente.
Faço questão de manter essa receita viva na minha cozinha, como herança de um tempo onde tudo era mais simples, mas cheio de sabor e afeto.
Prepare com carinho, compartilhe com quem você ama e, sempre que possível, conte a história desse doce para alguém. Porque cozinhar também é lembrar.